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quinta-feira, 31 de maio de 2012

Anoxia

Seja um subversivo vivo!
Uma metralhadora de versos
Use a palavra como navalha
Corte a cegueira da visão alheia

Respire enquanto há oxigênio
Dê uns passos em alguma direção
A tua língua é pra ser usada
Não pra ficar na boca como enfeite!

Não sou muito dado a conselhos
Mas, faça-se um favor amigo
Seja um subversivo vivo!

Abra a boca use os dentes
Até quando o teu sangue vai rolar
Pra alimentar os vermes desse país?

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Amor Antropofágico

Nosso amor era antropofágico
Eu te mordia os seios com
Língua, dente, boca, saliva!
Eu amava teu corpo nu de orgasmo

Eu amava o teu gemido
Cheio de cio, delírio, vertigem
Eu amava teu sexo exalando suor
E você me mordia a pele, arranhava!

Nosso amor era antropofágico.
Nos alimentávamos de nossos lábios
E agora só sobrou a fala e meu falo...

E agora só lembranças
Pedaços de nossos corpos comidos
Sim! Nosso Amor era antropofágico!

Lamento

Sou Ofélia enlouquecendo
Cantando melancólicas melodias
De mãos dadas com o suicídio
O que não morre o tempo todo?

Olhem a cara sufocada da esperança
Sucumbi tão jovem em pleno verdor
Venha! Diretamente em meus olhos
Reparei bem a flama extinguir-se!

A Natureza me fez homem contristado
E de onde provém este torpor, esta áurea
Pálida? Este gosto acre no meu paladar!

Ó Ofélia! Corpo no lodo
A incipiente loucura atingi a lucidez
Tu queres amar, mas o amor longe está!

Vi visões

Vi Shakespeare em um dilema
Vi Goethe falar sobre suicídio
Vi A personagem de Proust com ciumes
Vi Dorian em um Retrato

Vi Augusto dos Anjos atormentado
Vi Cruz e Sousa tuberculoso
Vi Álvares de Azevedo morrer cedo
Vi Roberto Piva Cuspindo/escarrando

Vi E.Merson falar de Minas
Vi Fernando Pessoal falar de Portugal
Vi Drummond Tropeçando em uma pedra

Vi Baudelaire Blasfemando
Vi Rimbaud Traficando sentidos
Vi visões ultrapoéticas!

Loucura repentina

Ontem cometi uma loucura
Fiquei por duas horas pensando em você
E quando percebi já era muito tarde
Já passava das duas da madrugada!

Cá estava eu com livros em mãos
Mas meu pensamento se perdeu
E fiquei sem saber o que aconteceu
Só que ainda não é Alzheimer.

Olhei para o leito vazio agora
Antes cenas nuas do seu corpo
Me masturbo no desejo da ausência

Que você deixou, sem me avisar!
E agora passado o delírio
Percebo ter ficado muito mais que duas.

Vier o Inverno

Teu sorrir de veludo me fascina
E esse teu corpo de menina
Me fascina me fascina é minha sina
Meu desejo gritando agora

E não me importa o mais
São flores os teus cabelos
E teus lábios por mais querer
Me aquecer no inverno

Que já tá pra chegar.
Meu bem não quero uma desculpa
Quero ter culpa e me manchar

Em teu corpo
    Em teu corpo
                        Em teu corpo!

Dois/um

As folhas começam a cair
A vontade gritando em mim
Te querer em um poema
Baby baby baby  my love!

Faço intrigas com as rimas
Despenteio os versos, bagunço
As estrofes, penso sonetos!
E tudo isso e tudo, tudo!

Meu bem eu já disse pra você.
Sou eu que te grito no silêncio
Lembranças do sexo no leito

Minha língua brincando em sua pele
Meu nariz se afogando em seu cheiro
O cheiro, o sexo em dois corpos um!

J. Gaudard

Onde você mora meu bem?
Mergulhada em cultura
Lendo Baudelaire
Seu nome de Flor e verso

Onde você mora meu bem?
Seu nome é tão poema!
É tão lindo e Francês
Olharei o céu esta noite

E você estará  brilhando
Feito uma Estrela, um Sol
Olharei para os jardins

E você estará Primavera
É tão a vera meu ensejo
Te escrevo um poema, te respeito, Flor!

* poema para uma amiga mergulhada em cultura

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Papoula

Quero beber chá de papoula
Cheirar a Papoula no campo
Tocar o pólen da flor no ar 
Desregrar todos os sentidos!

Quero sentir a fina pele da Papoula
Sentir o teu olor invadindo minhas narinas
Deitar no imenso campo de papoula
Dormir sonhos dentro do céu azul!

Quero pintar Papoulas em teus lábios
E flutuar em noites de estrelas a cintilar
Pairar no ar como uma pluma lenta

Me deleitar nos cabelos da Papoula
Sentir orgasmo com o teu cheiro no ar
E mergulhar em tua fragância, infinito! 

 

Dormindo

Me deixe dormir indefinido
Só quero acordar tempos depois
Muito depois de abrir os olhos
Por favor, me deixe dormir!

Quando o sol se levanta
Ainda estou na cama, na cama
Estou de olhos fechados, dormindo...
Amo minha cama, me deixe ficar!

Depois de um dia difícil de suportar
Apenas quero ficar dormindo
Depois que tiver lido mais uma página

Me deixe ficar na cama, dormindo...
Estou sangrando o tempo todo acordado
Me deixe na cama, me deixe dormindo...

* qualquer semelhança com  a música
 " I'm  Only  Sleeping" dos BEATles
    não será mera coincidência... ouvi demais...
     

Andam dizendo por aí...

Meu amigo você perdeu o tino
Domindo até tarde e vendo a vida passar
Até depois do meio-dia na cama
E teu rosto é cansaço, teu corpo magreza!

Meu amigo vendo a vida passar
Deitado na miséria da existencia
Tudo lhe parece muito, muito fútil!
Em teus olhos só desânimo, só vazio.

Meu amigo, andam dizendo por aí...
Que você pensa e pensa em suicídio
E você morre a cada dia um pouco mais

Meu amigo, você perdeu a mãe
E você também perdeu a esperança
Em tua vida ninguém vai te salvar...  

Golfinho

Nadando como um golfinho
Em teus poéticos olhos azuis
Dentro de um sonho místico
Grudei um poema em teus lábios

Prepare uma dose, não quisera ir
Nunca quis voltar pra casa!
Nunca quis acordar de novo
Agarrei o espelho de um sonho

Mas ele se foi tão depressa!
Prepare outra dose pra mim
Não importa! Temos heroína e cocaína!

Podemos ir milhas e milhas daqui
Poderíamos ser amantes em Berlim
Que droga! Não quis acordar, é tão chato!

* poema sobre drogas pra cisne  

Obsessivo

Te quero o tempo todo!
E você me joga pelos cantos
Aí eu canto um rockzinho
"Vamos morrer sozinhos!"

Você sempre quer um pouco mais
E minha dose está pela metade
Você é uma traficante de meu corpo
Você é criminosamente linda!

Te quero o tempo todo!
Até parece um ato sadomasoquista
E você me tortura me privando

Um pouco da dose que roubou
Ei! Olhe aqui! Não é assim
Não saia! Não roube meu prazer!

* poema pensando na cisne

Atravessar

É tão tarde meus pensamentos
Parece uma prostituda cansada!
Juro que não cortarei os pulsos
"Um revólver em minha cabeça..."

Já vejo meu fantasma por aí
Esperando no rio Estige o barco
Apenas com uma moeda para atravessar
E quando a hora da passagem vier

Direi: Foda-se! Vida de merda!
Estou indo me afogar no lodo
O Éden já está podre há muito!

E quando a hora da passagem vier
Darei uma moeda ao barquereiro
E do teu bandolim pedirei uma última música! 

* rio Estige... pesquise mitologia
http://www.espiritualismo.hostmach.com.br/mitologia_greco_romana_6.htm

Pss... Silêncio

Silêncio confuso em mim
Silêncio na noite, lua pálida!
Silêncio nos espaços baldios
Silêncio eternal neste momento

Silêncio vagaroso pela noite afora
Silêncio diurno, de manhã bem cedo
Silêncio em mim gritando no íntimo
Silêncio tumular nas ruas e becos

Pss... Silêncio! Com sono letargo
Silêncio cheio de barulho-mudo
Siêncio em qualquer parte de mim

Silêncio é apenas silêncio enfim!
Silêncio de amor na boca alheia
Pss... Silêncio! Silêncio assim...

Uma navalha

Meu amigo tens uma navalha?
É que preciso cortar os cabelos da vida
Já estão longos e caducos
Beijos senis beijam meus pulmões

Juventude! O tempo te violentou
Sangrou e manchou teu corpo
Narciso agonizando "castrofóbico"
No último delírio de algum ópio

Meu amigo, os verdadeiros criminosos
Ainda perambulam soltos por aí como cigarros
Vestido na mais alta moda, cercados de putas!

Meu amigo, vidas miseráveis em todos os cantos
A fedentina da cidade em céu aberto
Meus olhos queimam, o corpo dói, navalhas! 

Um casal

Ele não é Romeu, mas é Roger.
Ela não é Julieta, mas é Geisa.
Há tempos ambos se conhecem
São sementes que germinaram

São flores de linda primavera!
São um casal, um belle par
E eu apenas um "afetado"
E ambos me  conhecem bem.

E quem me dera poder dizer
muito mais do que meras palavras
Eles são Almas tão entrelaçadas!

Ela é doce e borboleta
E eles juntos brilham tanto
São belos, um casal, meus amigos!

* poema para um casal. 

 

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Você não precisava saber?...

Zines das três edições

Um aviso: Temos poesia! Estou na #03 edição do zine David Beat com foco em poesia, seja ela: marginal, romântica, brega, nonsense ou et cêtera... Temos! E queremos muito que você faça parte, que compartilhe, que se envolva, que dê espaço para que ela (poesia) entre em sua vida. Você pode entrar em contato com o autor desse blog pelo Email: pennybeat@gmail.com ou através do facebook: David beat (foto do David Bowie com cigarro). Ok?

Como Surgiu o zine David Beat?
             
Surgiu da vontade gritando de dentro de mim de expressar as coisas que até então estavam dormindo no maior revolto, convulsionando meu interior, querendo sair de qualquer forma,  me espancando o âmago... Palavras ignotas querendo se fazer presente através dos lábios esferográficos da caneta; querendo a qualquer custo manchar o papel, ocupar todo e qualquer espaço baldio; fazer dele obra de arte...  E tudo isso, através dessa deusa que tem sobrevivido por séculos, atravessando milênios: apaixonando ou até mesmo causando um certo desconforto, leia-se por exemplo Augusto dos Anjos " Como um fantasma que se refugia/ Na solidão da natureza morta...". Sim, ela e somente ela com suas contradições, simbioses, sentidos figurados, escatológicos, simbólicos, tem alimentado os que estão com fome. Não a fome orgânica que pode ser saciada com qualquer alimento, antes me refiro aqui: a Fome de expressar-se, a fome que somente é saciada com o poema no papel, ali vomitado, escarrado, cuspido com ou sem enfeites; e que desprovida de quaisquer tons de preconceito, revelá-se e expõe sem vergonha de falar  e de dizer a que veio.
What's going  to be then, eh?
É mais ou menos por aí!
Algo que um amigo disse e quero deixar como reflexão:
"Para que server a arte , se não para jogar no mundo externo tudo o que está no interior da mente indecifrável do  seu autor"    ( Matheus A. Quinan)              

                                             Alguns livros e zines para alimentar "my mind".

Parfum

Teus lábios os almejo
Tua boca navegar calmo
E sentir melífluo teu Ser
Como a sinfonia de um perfume

Estou me afeiçoando ao teu rosto
Como quem acaricia flores
Cristais de sol em dia brando,
Sonho a cor de teus olhos, beijo infante!

Tu podes guiar-me ao deleite
Ao desfrute do que em desvelo
O véu de uma distância ainda oculta?

Tu podes guiar-me ao porto-seguro
Donde avistarei na iminência do agora  
Olhos fechados, bocas de flama amante!

Maçã

Ser uma maçã em teus lábios
Ser mordido lento/suave em teus dentes
Escorrer cremoso em tua língua
Sentir teu hálito e frescor

Sentir tua boca roçar meu desejo!
Ser uma maçã/doce de prazer
Ser acariciado pelos teus dentes
Ser molhado pela tua língua

Ser uma maçã mordida
Envolto no veludo que deve ser
Tua boca, tua língua, teus dentes

Ser uma maçã mordida/lenta
Ser uma maçã tocando teus lábios
Com maciez, com calma, com prazer!

Amorfo

Amorfo pra tudo
Amorfo o vazio
Amorfo o sentir
Há mofo por aqui

Amorfo o meu amor
Amorfo minhas palavras
Amorfo no meio do dia
Mofo na noite e de madrugada

Amorfo em pequenas coisas
Amorfo cá dentro de mim
Há mofo nas velharias!

Amorfo em meu prazer
Amorfo pra tudo
Há mofo em tudo!

Língua materna

A língua que  falo
Está dentro da boca
Envolta em saliva
Essa que cospe/escarra!

A língua que falo
É minha língua materna
E já experimentou muito
Corpos nus e sabores diversos

Essa língua que falo
Sem vaidade sem enfeites
Essa língua que chupa

Seios, bocas, peles, orgasmos!
A língua que, falo que tenho
Experimenta orgias com bacantes.  

Meu rádio de vinil

Meu rádio toca de tudo
Músicas ativistas do R.E.M
Músicas gay do The Smiths
Músicas sobre drogas Lou Reed

Músicas blasfemas Jesus and Mary Chain
Músicas pra dançar B'52s
Músicas de pub Dr. Feel Good
Músicas de amor/revolta BEATles

Músicas com glamour David Bowie
Músicas com distorções Sonic Youth
Músicas belas/depressivas Joy Division

Meu rádio toca de tudo!
Músicas Punks do RAMONES
Meu rádio toca música o tempo todo!

Oculto

Ninguém entende o que sentes
Ninguém quer nem saber
De tantos sofrimentos esse é o pior
De ver a vida passar e só passar!

Ninguém sente o o que sentes
No teu olhar não é menos
O pior ainda não passou
O pior ainda está no começo

E o começo é um infinito
Um cosmo sem limite/extenso!
Ninguém quer nem querer

Apenas um breve momento
Só pra olhar de olhos mudos
Um significado exposto aberto/ferida!  

Poema gótico

Vi o rosto da morte
Encarando de frente meu espelho
Corpo disforme, desnutrido, magro!
A vida torturada sadicamente

O tédio por abrir os olhos
E ver sempre a mesma cena
Um dejà vu constante na visão
Mágoas profundas em chagas!

Vejo/sinto tudo como um vício
Neste mês de Maio lembranças
Se aproxima o dia 21, mamãe morreu!

Tantas mortes, amigos perdidos!
Vi o rosto semelhante da morte
Me gritando através do espelho.


 


Toques no corpo

Cheirar a tua pele como vício
Flanar teus lábios calmos
Sentir teu corpo como leito
Dormir em teus cabelos meu nariz

Inocular em tua boca
Algum fruto afrodisíaco!
Ver prazer em teus olhos
Gemendo com minha língua

Roçar minha língua em teus poros
Prender teu fôlego indefinido
Ouvir teu respirar ofegante

Tocar o tremor do orgasmo
Se contorcer nos poucos segundos
Com teu corpo a se descontrolar.  


Percepções

Os teus cabelos negros
As sinfonias do teu perfume
O tom de tua pele macia
Tudo pude sentir hoje.

O batom vermelho nos lábios
Marcando os contornos da boca
O teu corpo pequeno de ninfa
A tua voz preenchendo o ar

Tudo pude sentir hoje!
Ensejando inebriar-me
Em teu hálito e saliva

Ensejando esconder-me
Dentro do negror de teus olhos
Cantar sonatas, embalar teu sonho gótico!

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Infinitudes

Corro atrás do vento 
Sensações por dentro 
Doidas pra sair e se libertar 
Um grito: amor te quero mais!


Não é meu egoísmo que te quer 
É meu intimo ensejando teus lábios 
Tua boa nua na minha língua
Teu cheiro doce/mel em flor


É parte do que sou e agora 
Eu corro através do vento 
Tento seus lábios, vejo galáxias 


Quero te engolir num canibalismo 
Morder teu corpo nu e extase
Sermos um mar infindo agora!

Espaços baldios


Os espaços baldios do meu ser
Preenchidos por um vácuo enorme
Um vazio disforme e inefável
Um redemoinho de vertigens

Os espaços baldios de meu ser
Gritam silêncios; vozes mudas
Eu estou inconsciente em sonhos
De uma eternidade secular

Eu choro chuvas infinitas
Eu beijo o ar da manhã
Eu canto sombrias palavras

E nada preenche os espaços
Esses infinitos espaços
Que jorram dentro de mim